sexta-feira, 11 de maio de 2007

Revisão de conceitos



A vinda do papa Bento XVI ao Brasil traz consigo uma série de debates com relação ao posicionamento da Igreja Católica em algumas questões polêmicas. Ao desembarcar em solo brasileiro, Bento XVI já tocou em um assunto muito delicado: o aborto.


A discussão sobre a legalização do aborto até o nono mês de gravidez já estava sendo discutida por aqui há algum tempo e ainda levará um bom tempo para chegarmos a um consenso, mas quando se fala em Igreja Católica, e nas “proibições” impostas a seus fiéis, vemos que o aborto é apenas das muitas práticas que o catolicismo condena.
A condenação do uso da camisinha ou de qualquer método contraceptivo é um outro ponto que a Igreja deveria rever. Independentemente de acreditar na fidelidade de seu parceiro, soa irresponsabilidade não utilizar meios que protegem os homens de doenças sexualmente transmissíveis.


Mesmo que uma pessoa tenha a intenção de se casar e manter relações apenas com seu cônjuge, um católico então não pode se apaixonar por um aidético? Ele não pode usar preservativo para se manter saudável?
Além disso, o uso da camisinha poderia evitar o sofrimento pelo qual passam crianças que são geradas sem que seus pais tenham condições de criá-las. A postura inflexível da Igreja Católica demonstra sua postura anacrônica, pois continua pregando as mesmas regras para novos problemas. Há alguns anos não existiam doenças como a AIDS, por exemplo.


É importante lembrar que um dos objetivos da vinda do papa ao Brasil é atrair fiéis jovens para o catolicismo. O mundo dos jovens de hoje é totalmente outro, as situações que enfrentam e as escolhas que a fazer são outras, enquanto isso, a Igreja Católica continua a mesma, perdendo cada vez mais fiéis.


Outro ponto que não pode ser esquecido é a condenação ao homossexualismo. Alguém realmente acredita que Deus não quer que as pessoas sejam felizes? Cada um busca a felicidade conforme lhe agrada e desde que não prejudique a vida do “próximo” tem o direito de viver da forma que escolher. Então um homossexual católico com uma postura de vida exemplar, devoto, que faz caridade e que tem muita fé na religião está condenado ao inferno apenas pelo fato de se relacionar com homens?


A intenção deste texto está longe de ser uma condenação à doutrina católica, muito menos encontrar soluções para os problemas apontados. Fica apenas um registro de questões que merecem uma reflexão. Afinal, será que o discurso do sacrifício em vida troca da paz divina ainda funciona?

8 comentários:

Amanda Sampaio disse...

Acredito que a Igreja católica tem, realmente, que rever seus conceitos(um tanto quanto retóricos). É inaceitável a idéia de não se usar preservativos, principalmente nos dias de hoje em que doenças sexualmente transmissíveis estão cada vez mais comuns.O aborto não deveria ser um tabu como é, mas, sim, um assunto a ser discutido de maneira consciente.

Anônimo disse...

Se nas vezes em que a questão do aborto chega ao debate político a repercursão já é significativa,o que diremos do efeito obtido quando é a Igreja que "dá as cartas"?
Com os dogmas ao seu favor e a fé depositada pelos fiéis, a opinião do alto clero ganha força no momento do veredicto final,seja o tema aborto,união de casais homossexuais, o uso da camisinha,etc.
Entretanto tudo passa.Se a Inquisição acabou e até o Limbo foi oficialmente destruído,tudo o que a Igreja Católica necessita para adotar posturas mais liberais perante assuntos como esses é tempo,mesmo que seja um BOM tempo.

Letícia Almeida disse...
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Letícia Almeida disse...

É verdade, a posição conservadora da Igreja atrapalha a vinda de novos jovens para a religião católica.
Mas é preciso analisar com calma os motivos de determinadas posições da Igreja. Muitos deles são mal interpretados e mal entendidos pela população...
eu também não concordo em sair condenando a Igreja. Acho que é preciso antes pesquisar melhor. Afinal, não é possível que a Igreja seja contra a saúde, ou contra a vida... deve existir muitos motivos que muitos dos jovens não procuram saber direito.

Amanda Sampaio disse...

O motivo pelo qual a Igreja condena o uso da camisinha, por exemplo, sempre chegou a mim que é o de que o ser humano foi feito para gerar descendentes, portanto, a relação sexual só pode ser feita com essa finalidade, o que torna o uso da camisinha um erro, pois ela previne que se engravide, entre outras coisas!
Porém, como já disse no outro comentário, é inaceitável não se usar preservativos no mundo de hoje!

Marcelle disse...

A opinião de todos é sempre válida, mas não podemos esquecer que a Igreja Católica propõe isso aos seus fiéis, ou seja, aos seguidores do catolicismo.
Dessa forma, a maioria das críticas não tem sentido, pois devem seguir os dogmas católicos apenas quem é católico e os outros devem seguir os seus respectivos caminhos.
As pessoas de outras religiões ou que não seguem nenhuma, portanto, tem que respeitar essa fé, juntamente com todos os seus dogmas!!!
Bom, sei que muitos não vão concordar, mas é o meu ponto de vista!

Daniele Pechi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniele Pechi disse...

Acredito que não concordar com determinados dogmas católicos não significa desrespeitá-los, assim como acho desnecessário ser católico para emitir uma opinião sobre o assunto. Se assim fosse, nenhum jornalista poderia exercer sua profissão plenamente: somos (ou deveríamos ser) justamente o olhar de fora, não contaminado por determinados olhares, que a religião ou qualquer meio em que estamos intrinsicamente inseridos, condiciona.
Por isso, o fato de acreditar que nenhum católico usa camisinha ou deixa de tomar anticoncepcionais porque a instituição condena o seu uso chega a parecer ingenuidade por parte de quem partilha dessa opinião.