sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Admirável Mundo Novo

Segue abaixo um comentário sobre a Utopia de Thomas More, tema do seminário do nosso grupo.

A concepção da ilha de Utopia está toda enraizada em duas idéias: a não existência da propriedade privada é a primeira. A segunda é o alcance dos interesses individuais, entendido como apenas viável, se feito através do preenchimento prévio das necessidades coletivas. Esses conceitos são centrais na obra. Todo os outros elementos do funcionamento tanto dos costumes, quanto da cultura, como do governo são diretamente ligados a esses pontos. O autor vê a propriedade privada como a essência das mazelas do homem. Podemos entender
como propriedade privada a desigualdade material, e se refere muito mais a propriedade privada como vemos hoje, do que à concentração de riquezas por direito de posse, como no caso da nobreza européia tradicional. Da mesma forma, a necessidade de ver a sociedade como um conjunto e de subordinar os interesses individuais aos coletivos são a única maneira de alcançar prosperidade e progresso.

Thomas More escreveu uma obra onde descreve uma sociedade que entende como melhor que aquela onde vivia. Isso todos sabem. O próprio nome da ilha acaba apontando essa concepção geral de que Utopia (que vem do grego, ou-topos: lugar nenhum) é considerada como o local onde se encontraria a sociedade ideal, e sendo ideal, inalcançável. Mas embora o nome da ilha indique que esta exista em um lugar nenhum, ela é situada geograficamente na América, no novo mundo. Ela não é colocada num lugar imaginário, num lugar espiritual, ou num lugar perdido. A ilha existiria no novo continente, sendo então possível fazer a viagem para lá. E é exatamente o que fez Rafael Hitlodeu, o viajante do qual supostamente More ouviu falar da ilha. Por sinal, idoso e sábio, Rafael Hitlodeu representa o rei filósofo de Platão. Essa localização no Novo Mundo está ligada a idéia da esperança de um novo tempo, de uma nova era para o homem, que é o Renascimento e o Humanismo. A descoberta de uma nova terra trazia consigo uma nova chance, isto é, para os insatisfeitos com o mundo europeu, a possibilidade tanto de encontrar uma nova civilização melhor, quanto um novo lugar para experimentar. O Humanismo do autor estava fazendo um grande rompimento com a idade média, não estava interessado na promessa de uma recompensa no além, no espírito, está preocupado com o mundo físico, com o mundo temporal. Um dos maiores méritos do livro Thomas More foi deslocar o Paraíso para o mundo real.

[ suposto mapa de utopia ]

3 comentários:

Letícia Almeida disse...

Sobre esse assunto é legal lembrar também aquele conceito de utopia dado por Herkenhoff: consciência antecipadora do amanhã.

Para ele, o pensamento utópico é o grande motor das Revoluções.

Aryanna Oliveira disse...

Nosso seminário foi fantástico. Tivemos a felicidade de escolher um livre incrível que explora os limites do que é opu não utópico, como poucos. Alias, o livre é o início do que se convencionou chamar de Utopia.
Modéstia à parte, merecemos todos os elogios que recebemos porque mesmo na correria fizemos uma apresentação COMPLETA!

Amanda Sampaio disse...

O nosso seminário sobre o livro Utopia foi muito bom, pois abordou todos os temas do livro sem se tornar cansarivo. E o vídeo das pessoas sobre o que elas acham utópico foi ótimo!!!

E se o pensamento utópico é o grande motor das revoluções, espero que os brasileiros cultivem-no sempre e não deixem que as coisas permaneçam como estão, ou melhor, como sempre foram!